segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Povo argentino sai às ruas contra proposta de terceiro mandato da Presidente Kirchner.


Por Francisco Vianna

Os manifestantes recusam a pretensão da presidente de mudar a Constituição Nacional para tentar obter, nas urnas, um terceiro mandato consecutivo.

A Argentina, como tenho tido a oportunidade de ressaltar, mergulhou em queda livre com o desgoverno populista e demagógico da peronista Cristina Kirchner. Ontem, em Buenos Aires e outras cidades de Argentina ocorreram protestos – ainda pacíficos, mas cada vez mais barulhentos – com multidões tocando apitos e batendo panelas contra uma eventual “reforma da Constituição” para habilitar a reeleição para um terceiro mandato consecutivo da presidente Cristina Fernández de Kirchner, e também pela falta de respostas de seu governo à crescente onda de violência e insegurança, além da inflação cujos índices são manipulados pela Casa Rosada alegando ser de 16% quando todo mundo sabe ser pelo menos o dobro disso ao ano.

A manifestação, convocada através das redes sociais e correios eletrônicos por grupos que se definem como de oposição ao governo peronista, mas que não se identificam com nenhum partido político, teve seu centro na “Plaza de Mayo”, em frente à Casa Rosada, sede do governo nacional. Para esse local, milhares de cidadãos confluíram a pé de diversos bairros da capital portenha, gritando lemas de ordem, soprando apitos, e batendo panelas, além de portando inúmeras faixas e cartazes, na maioria, chamando a presidente de “mentirosa e incompetente”. Entre os principais lemas gritados em coro, sobressaía o que dizia: “não deixemos que este governo continue avançando e marchemos pela liberdade e em defesa da constituição nacional”. 

As passeatas com apitaços e panelaços foram também significativas nas cidades de Córdoba, Rosário, La Plata, Mar Del Plata e Bariloche. Ao longo do ano em curso já houve vários panelaços contra o governo, principalmente na capital do país, mas as demonstrações de protestos de ontem foram as que mobilizaram o maior número de participantes até o momento. 

“Não vou ficar nervosa nem vou deixar que me deixem nervosa”, disse a presidente ao liderar um ato no estado de San Juan, a 1.265 km a oeste de Buenos Aires, que ocorreu simultaneamente com o início dos protestos. A governante não quis falar de forma explícita sobre as passeatas convocada contra ela.

As políticas de esquerda, estatizantes, têm feito com que o populismo da presidente comece a ser visto com insatisfação e desconfiança pelo eleitorado. Reeleita a pouco mais de um ano com 54% dos votos, Cristina tem visto sua popularidade minguar, especialmente na classe média, em função de suas restrições à compra de dólares e moedas estrangeiras, uma tradicional forma de poupança do povo argentino, além também dos inúmeros escândalos de corrupção – apanágio principal dos governos de esquerda – no primeiro escalão do governo nacional.

A insegurança jurídica no país tem também provocado fuga de capitais e o investimento privado na Argentina caiu a níveis muito baixos, provocando a “estagflação”, parecida com a das décadas de 1970 e 1980 no Brasil, que é uma mistura de estagnação econômica com inflação alta. 

Um cartaz enorme e vermelho carregado pelos manifestantes, dizia em letras brancas: “Cristina, o voto não dá impunidade à estafa moral nem ao esvaziamento econômico do povo” e era visto na ‘Plaza de Mayo’.

A era Kirchner (Néstor e sua mulher Cristina) trouxe um empobrecimento acentuado ao povo argentino, em dolorido contraste com a maior parte de seus vizinhos, principalmente o Brasil e o Chile.



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